A expressão africanidades brasileiras refere-se
às raízes da cultura brasileira que têm origem africana.
Dizendo de outra forma, queremos nos reportar ao
modo de ser, de viver, de organizar suas lutas, próprio
dos negros brasileiros e, de outro lado, às marcas da
cultura africana que, independentemente da origem
étnica de cada brasileiro, fazem parte do seu dia-a-dia.
Possivelmente, alguns pensem: Realmente, é verdade
o que vem de ser dito, pois todos nós comemos
feijoada, cantamos e dançamos samba e alguns
freqüentamos academia de capoeira. E isto,
sem dúvidas, é influência africana. De fato o é,
mas há que completar o pensamento, vislumbrando
os múltiplos significados que impregnam cada uma
destas manifestações. Feijoada, samba, capoeira resultaram
de criações dos africanos que vieram escravizados
para o Brasil e de seus descendentes e
representam formas encontradas para sobreviver,
para expressar um jeito de construir a vida, de sentila,
de vivê-la. Assim, uma receita de feijoada, de
vatapá ou de qualquer outro prato contém mais do
que a combinação de ingredientes: é o retrato de
busca de soluções para manutenção da vida física,
de lembrança dos sabores da terra de origem. A capoeira
, hoje um jogo que promove o equilíbrio do
corpo e do espírito pelo seu cultivo, nasceu como
instrumento de combate, de defesa.
Africanidades brasileiras, pois, ultrapassam o
dado ou o evento material, como um prato de
sarapatel, uma apresentação de rap. Elas se constituem
nos processos que geraram tais dados e eventos,
hoje incorporados pela sociedade brasileira.
Elas se constituem também dos valores que motivaram
tais processos e deles resultaram. Então, estudar
Africanidades Brasileiras significa estudar um
jeito de ver a vida, o mundo, o trabalho, de conviver
e lutar por sua dignidade, próprio dos descendentes
de africanos que, ao participar da construção da nação
brasileira, vão deixando nos outros grupos étnicos
com que convivem suas influências, e, ao mesmo
tempo, recebem e incorporam as daqueles.
Com que finalidades estudar
Africanidades Brasileiras?
Muitas são as finalidades por que devemos incluir
Africanidades Brasileiras no currículo escolar.
Por exemplo:
• ensinar e aprender como os descendentes de africanos
vêm, nosmais de quinhentos anos de Brasil, construindo
suas vidas e suas histórias, no interior do seu
grupo étnico e no convívio com outros grupos;
• conhecer e aprender a respeitar as expressões culturais
negras que compõem a história e a vida de
nosso país, mas, no entanto, são pouco valorizadas;
• compreender e respeitar diferentes modos de ser,
viver, conviver e pensar;
• discutir as relações étnicas, no Brasil, e analisar a
perversidade da assim designada democracia racial;
• refazer concepções relativas à população negra,
forjadas com base em preconceitos.
Propondo encaminhamentos
Schenetzier dá-nos importantes indicações. A
aprendizagem, diz ela, consiste em reorganização.
e desenvolvimento das concepções dos alunos; implica,
pois, mudança conceitual. Embora referindo-
se a conhecimentos prévios em Química, a afirmativa
da autora também diz respeito à aprendizagem
em todas as outras áreas do conhecimento. Calcule-
se o valor desse entendimento quando são tratados
conteúdos pouco valorizados pela sociedade,
quando, ao ensiná-los, pretende-se apagar preconceitos,
corrigir idéias, atitudes forjadas com base
nas destruidoras ideologias do racismo, do branqueamento.
Schenetzier, citando Andersen, pondera que
ensinar implica, entre outras coisas, busca de estratégias
úteis para proceder à mudança conceitual.
Para tanto, os professores deveriam:
• buscar conhecer as concepções prévias de seus alunos
a respeito do estudado, ouvindo-os falar sobre elas; Atabaquemarca oritmodemúsica litúrgica
Amanda N °03
Raquel n º35
6 a matutino
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quarta-feira, 8 de outubro de 2008
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